OFICIAL da Marinha contesta informações passadas pelo suposto “Funcionário da Marinha”

Nos últimos dias publiquei aqui no ETs & ETc… um extenso depoimento, dividido em 10 partes, de um suposto civil ligado à Marinha, o qual chamei de “funcionário da Marinha”. Neste depoimento ele expunha trechos de documentos secretos supostamente classificados pela Marinha do Brasil.
Agora um oficial da Marinha brasileira, o qual já era leitor de ETs & ETc…, entrou em contato comigo no intuito de contestar e apresentar inconsistências no discurso do “funcionário da Marinha”.
Este oficial da Marinha desconfia que o tal anônimo “funcionário da Marinha” na verdade não seja ligado à Marinha e tenha inventado toda aquela narrativa. Nós não sabemos, mas o fato é que pudemos confirmar a ligação deste oficial com a Marinha, no entanto não tivemos chance de confirmar a ligação do “funcionário da Marinha” com a mesma, pois nem o nome dele eu sei.
Não sei quem está com a razão, até porque de início o tal “funcionário da Marinha” estava com muito receio de contar tudo que sabia, mas depois foi soltando o que sabia e ainda guardo mais de suas informações, as quais me passou. Mas ele resguardou seu nome, de forma que não pude confirmar ou descartar sua ligação com a Marinha.
Quem acompanha o blog ETs & ETc… sabe que aqui primamos pela verdade, seja ela qual for. Sendo assim apresento os dois lados da moeda e deixo para que cada um decida em quem acreditar.
As inconsistências (Segundo Oficial da Marinha) :
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“Prezado Weslem.

Conforme prometido estou enviando as minhas considerações sobre os relatos do “funcionário da Marinha”. Não tenho por pretensão desmenti-lo ou desmascará-lo, e sim contribuir com novos dados que auxiliem na percepção individual dos seus leitores. Acrescento que as minhas considerações são a de um mero leitor do seu blog e não representa a opinião da Marinha do Brasil.
Outrossim, afirmo que sou uma pessoa interessada na atividade ufológica e que acredito na existência de observações e de contatos entre os humanos e seres extraterrestres/intraterrestres. Entretanto, apesar de ter alguns dias de mar, até hoje nunca presenciei nada que se enquadrasse como atividade ufológica, bem como nunca ouvi relato dos meus amigos ou colegas de turma.
Irei dividir as minhas considerações de acordo com as partes publicadas e desde já coloco-me à disposição para esclarecer eventuais dúvidas que porventura persistam.”
1 – Em relação à primeira parte dos relatos do “funcionário da Marinha”:
A Marinha possui uma linguagem com termos quase que exclusivos. Através da utilização destes termos é possível identificar os elementos da sua Força e até diferenciá-los das demais Forças. É uma linguagem pitoresca, há muito presente em seu seio e que faz parte da tradição naval. Cabe acrescentar que a linguagem marinheira é utilizada por todos os elementos de sua Força: Praças, Oficias e Servidores Civis.
Diante do exposto, cabe a primeira consideração: na Marinha não se utiliza o termo funcionário. Há militares, civis, servidores civis e paisanos; ainda que estes três últimos refiram-se a mesma figura. O “funcionário” afirma trabalhar há pelo menos quinze anos na Marinha, “digo apenas que sou um funcionário da Marinha que trabalha há quinze anos com registros internos da mesma”, logo seria possível supor que a sua linguagem estivesse de acordo com a praticada por seus colegas de trabalho. (Detalhe: o termo “funcionário da Marinha” foi feito por mim, Weslem. Em contato comigo o depoente disse que era um civil ligado à Marinha).
No primeiro parágrafo ele emite a seguinte frase: “como você deve saber, o Exército em geral é muito rígido”. O que ele quis dizer com essa frase? A Marinha possui um procedimento próprio de apuração de contravenções ou crimes, que não é igual ao do Exército.
O “funcionário” segue afirmando “(…) e os julgamentos internos são mais rigorosos do que a justiça pública em geral”. Prezado Weslem, vivemos em um Estado Democrático de Direito. Desta forma, toda punição é precedida de uma investigação onde o réu tem o direito ao contraditório e ampla defesa, e mesmo quando a contravenção é simples, e não carece de uma investigação pormenorizada (p.ex.: atraso ao serviço) é fornecido ao militar o mesmo direito de realizar a sua defesa. O que permite muitas vezes que a sua pena seja atenuada ou mesmo que a contravenção seja desconsiderada de acordo com os argumentos apresentados para quem cabe julgar.
Caso fosse praticado um crime ao invés de uma contravenção, o ritual para apuração seria ainda mais pormenorizado, cabendo inclusive ao réu se fazer acompanhar por um advogado quando do seu depoimento, caso assim desejasse. Outra informação a acrescentar é que os julgamentos de crimes são enviados para a Justiça Militar, onde todo o processo é estudado e julgado por um Juiz de Direito Militar, um Promotor Público e, caso necessário, por um representante da Defensoria Pública, todos civis. Nesta corte há a ainda a presença de três Oficias da Marinha que auxiliam o Juiz Militar no discernimento do fato a ser apurado, mas que sozinhos não possuem a capacidade de condenar ou mesmo definir a pena para o réu. Portanto, qualquer cidadão, militar ou servidor civil, terá direito ao devido julgamento, ainda que em instância superior.
No último parágrafo ele cita “(…) sem qualquer ligação com a entidade para a qual eu trabalho e dou minha vida”. Afirmação de difícil entendimento, pois os Servidores Civis ao tomarem posse do seu respectivo cargo, não precisam jurar defender o Brasil com o sacrifício da própria vida. Esse juramento cabe somente aos militares.
2 – Segunda parte:
Logo no primeiro parágrafo, o “funcionário” afirma “(…) fui encarregado para escrever os relatos de marinheiros, oficiais e civis (que procurassem algum distrito naval para relatar algum OVNI ou OSNI)”. Duas considerações: a primeira em relação a “algum distrito naval” e a segunda em relação a “e civis”.
A área de jurisdição da Marinha do Brasil é dividida em nove Distritos Navais. E apesar de haver uma Organização Militar com a missão de assessorar o Alto Comando nos assuntos relacionados à atividade de inteligência, cada um dos Distritos possui como uma das suas tarefas executar atividades de inteligência e de contrainteligência. Desta forma, mesmo que esse “funcionário” trabalhasse na Organização Militar acima citada, não seria o responsável por escrever os relatos de quem procurasse algum Distrito Naval, pois este relato seria realizado no âmbito do respectivo Distrito. Portanto, se ele trabalhasse em algum Distrito Naval ele somente poderia registrar os relatos que por ventura chegassem através dos militares embarcados em algum dos meios subordinados ao respectivo Distrito.
Em relação ao embarque dos civis, cabe considerar que os meios operativos da Marinha do Brasil em sua maioria são navios de guerra. Devido à característica operativa desses meios, não existe a prática da presença de civis nos mesmos. Apenas os navios utilizados em apoio a pesquisas científicas possuem como prática a presença de civis. E esses civis, em sua maioria pesquisadores de universidades brasileiras e sem vínculo com a Marinha do Brasil, caso observassem algo de anômalo poderiam divulgar estes avistamentos da forma que lhe parecessem mais conveniente.
No segundo parágrafo observa-se a seguinte citação “porém, um dia meu oficial-chefe me convidou a trabalhar em algo mais interno”. Não há na Marinha do Brasil qualquer posto ou cargo com a denominação de “oficial-chefe”. Inclusive nunca ouvi este termo antes. O termo mais próximo que conheço refere-se ao “Oficial de Dia”, denominação utilizada pelo Exército Brasileiro para identificar o Oficial que está de serviço naquele dia em alguma Organização Militar daquela Força.
Sobre a frase “lembro-me de ser encaminhado naquela mesma semana a uma sala onde dois senhores me explicaram tudo o que eu tinha que fazer, e me fizeram jurar sobre a Bandeira Brasileira e a Bíblia Sagrada que meu serviço seria o mais discreto possível”, considero que esta foi a afirmação que mais chamou a minha atenção até então, pois a mesma não encontra relação com nenhum rito ou tradição existente na Marinha. Eu mesmo já tive como função colateral a tarefa de ser Oficial de Inteligência em uma Organização Militar pertencente à Alta Administração da Marinha, e nem por isso me ocorreu algo tão fantasioso quanto o relato acima.
As citações acima são seguidas por relatos sobre avistamentos da sociedade civil: barcos de pesca, navios cargueiros, avião comercial, banhistas, pescadores, veleiro particular, etc. Nesses casos, pessoas sem relação com a Marinha foram entrevistadas? Creio que não. E este é mais um ponto contraditório, pois não encontro motivo para terem se calado depois de ocorrida a citada entrevista.
Outro ponto que cabe uma consideração é seguinte citação “o capitão assustado pediu para que todos fossem para seus postos, armados para o combate”. Na Marinha chamaríamos Comandante do Navio e não Capitão do Navio, independente do Posto que o Militar possua (Capitão-Tenente, Capitão-de-Corveta, Capitão-de-Fragata ou Capitão-de-Mar-e-Guerra).
Ainda sobre o relato do veleiro, o “funcionário” afirma que a questão do veleiro ocorreu “no final dos anos 70, ou início dos anos 80” e logo depois o autor prossegue “até onde me disseram em off, o comandante aposentado teve que ser levado para um hospital”. Difícil compreender a lógica, pois para haver o discurso em off seria necessário haver alguém que presenciou o fato à época trabalhando em conjunto com o autor, devendo-se considerar o lapso temporal de aproximadamente trinta anos.
Ainda sobre a frase acima, existe a expressão “guarnecer postos de combate” que é bastante diferente da citação “(…) para seus postos, armados para o combate”. A explicação é lógica. O Navio que irá combater a ameaça e não a sua tripulação. Em qualquer engajamento entre meios de superfície ou entre um meio de superfície e uma aeronave, serão utilizados os armamentos do navio e não será a tripulação que irá utilizar armamentos individuais para realizar o combate.
3 – Terceira parte:
Novo relato de civis – tripulantes de cargueiro que vinha da Argentina.
4 – Quarta parte:
A Marinha do Brasil, apesar de ser uma das onze Forças Marítimas no mundo que operam com Navios Aeródromos, possui um único Porta Aviões. Diante deste fato, não compreendi a expressão “um controlador de radar de um porta-aviões”. A frase me faz supor que o “funcionário” afirma que a Marinha possui mais de um Navio Aeródromo. Cabe ainda considerar que desde 2004 o “NAe São Paulo” não realiza operações em alto mar.
Novo relato de civis – tripulantes de navio comercial carregado de materiais químicos.
5 – Quinta parte:
A Operação Prato é uma das ocorrências ufológicas brasileiras com mais documentos oficias divulgados até o momento. E não me recordo da participação do Exército naquela Operação. Desta forma, não compreendi as referências ao Exército Brasileiro no segundo e no sexto parágrafo.
O autor cita ter mantido contato com uma pessoa que participou da Operação Prato em 1977. Novamente cabe considerar o lapso temporal de aproximadamente 30 anos, entre a operação e o referido contato.
6 – Sexta parte:
O autor começa a sexta parte novamente falando sobre a atuação do Exército Brasileiro. Não consigo compreender esta relação, pois o mesmo se intitula “funcionário da Marinha”.
Novo relato de civis – grupo de pescadores; e tripulantes de navio que vinha de Montevidéu.
7 – Sétima parte:
Sem considerações adicionais.

8 – Oitava parte:
Novo relato de civis – turista em um barco.
Sobre a Capitania enviar um barco patrulha para tranquilizar os turistas e o capitão de um barco turístico, cabe considerar que a Capitania Fluvial do São Francisco, Organização Militar responsável pela área de jurisdição onde localiza-se o Rio São Francisco, não possui sobre sua subordinação “barcos patrulhas” ou Navios Patrulhas Fluviais. O Navio Patrulha Fluvial mais próximo da citada região está sob a jurisdição do Sexto Distrito Naval em Mato Grosso do Sul, e possui preparação para navegar nos rios da região do Pantanal e na foz do rio Paraná. Portanto, não encontro resposta para a citação sobre o citado envio.
Outra consideração a se fazer é em relação à frase: “turistas chegaram a tirar fotos do objeto, mas nenhuma delas constava no relatório”. Novamente, assim como nos outros relatos de civis, por que essas “imagens” e “avistamentos” não caíram na opinião pública?
O autor prossegue relatando sobre avistamentos de amigos. Acredito que nem você, que possui um blog sobre o tema, tem tantos amigos com experiências de avistamentos de OVNIS.
Se até o momento eu possuía indícios suficientes para duvidar do autor, a partir da leitura da citação abaixo, tive a certeza de que o texto, pelo menos em parte, não correspondia a verdade, pois a última decolagem de aeronave de asa fixa do NAe foi no ano de 2003:
um piloto da Marinha, após decolar de um porta-aviões, quase se chocou com um objeto redondo que girava em torno de si. Ele deu a volta para averiguar o OVNI (…). Este objeto não aparecia nem no radar a bordo do caça nem do porta-aviões (…). Isto foi uma aparição recente, pois eu mesmo conversei e anotei o relatório do piloto, junto com seu superior. (grifo meu)
9 – Nona parte:
Sobre o treinamento realizado em praias de Fernando de Noronha, como o autor cita que ocorreu no início dos anos 1980, não posso confirmar ou desmentir, mas posso certificar que pelo menos desde os anos 2000 não ocorre tal tipo de treinamento, bem como nunca ouvi falar de algum treinamento realizado naquele arquipélago.
O único tipo de treinamento realizado em cabeças de praias são o do tipo de desembarque de tropa, e são realizados em apoio ao Corpo de Fuzileiros Navais, cujo maior contingente encontra-se no Rio de Janeiro. Devido à proximidade com a tropa, treinamentos do tipo são realizados no Estado do Espírito Santo. Não creio que, mesmo na década de 1980, iria ser demandado tempo e recursos para a realização deste tipo de treinamento em Fernando de Noronha.
Outro comentário acerca desse treinamento refere-se ao termo “novato”. Esse termo não é utilizado na Força para caracterizar os Oficias ou Praças em formação. O termo utilizado seria “aluno”, “moderno” ou “boy”.
10 – Décima parte:
Sem considerações adicionais.
Cordialmente”, (nome retirado devido a pedido de anonimato)
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Quem está com a razão ???
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parabéns por dar espaço ao contraditório. muito pertinentes as alegações do oficial.
Alguem com tamanho conhecimento das diversas areas da Marinha com certeza seria um funcionário de alto escalão, o que me é estranho. Um funcionário de alto escalão teria acesso a documentos que iriam contra sua afirmativa de que ‘nao acredita e nunca viu nada.’
Pra que tanta importancia em PROVAR sem provar, apenas desqualificando o individuo ou casos, que isso tudo é mentira?
Essa ‘desmistificação’ parece muito mais um enorme esforço para tentar abafar um depoimento histórico.
Fábio, pensei exatamente a mesma coisa que você durante a leitura desse texto emitido pelo suposto “oficial real da Marinha”. Realmente é muito complicado de saber o que é verdade ou não.
Provavelmente o “funcionário da Marinha”, deve estar lendo os contra argumentos do “oficial da Marinha brasileira”, então cabe ao mesmo, o uso da treplica, para esclarecer, ou pelo menos, tentar esclarecer, quem está certo e quem está errado.
Caramba meu, somente quem serviu as forças armadas sabe que este tal de funcionario da marinha flutuou na maionese feio, parabens ao militar da marinha… Pois hora era marinha e hora era o exercito, e a gente sabe que cada força armada tem a sua inteligencia de investigação e eles não c mistura.
para mim tá muito claro essa tentativa de desmentir o suposto funcinário,pra que tanta preocupação de desmentir o que é mentira para a marinha,para mim esse oficial simplesmente confirmou todo o discurso desse funcionário.
Sou assíduo leitor do blog e oficial do Exército há mais de 15 anos. Qualquer militar percebe que o primeiro relato (aquele dividido em 10 partes) é falso. Parabéns ao colega da Marinha (este, sim, legítimo) pelas considerações!
O grande problema da Ufologia é exatamente esse: muitos mentirosos e muitos lunáticos imbecis que acreditam e defendem os mentirosos. Até acho que os imbecis não querem mentir junto com o primeiro grupo, só estão desesperados para acreditar em alguma coisa e dar algum sentido às suas vidas inúteis e vazias…
Enquanto isso, os ufólogos de verdade são uma minoria desacreditada. Esse é o real acobertamento!